quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Espelhos deixados na Lua refletem lasers emitidos da Terra




Há cerca de 46 anos atrás, em 16 de julho de 1969, o programa espacial Apollo 11 entrava em ação, e enviava os primeiros homens à superfície lunar. Quatro dias depois do lançamento, no dia 20 de julho, às 20h17min UTC, o módulo da Apollo 11 aterrissava na Lua (ou alunissava).

A missão teve um total de 195h18min (8 dias, aproximadamente), onde 59h30min foram usados para orbitar a Lua para diminuir a velocidade da nave e alunissarem com segurança. Os três astronautas que compunham a tripulação da nave, Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins ficaram cerca de 21h31min na superfície lunar, antes de voltarem para a Terra.

Dentre outros objetivos da missão, os astronautas coletaram aproximadamente 21,5kg de rochas e poeira lunar para serem analisados, o que possibilitou uma maior compreensão sobre a estrutura geológica que compõe a Lua.

Os astronautas também instalaram sismógrafos, afim de estudar melhor o comportamento sísmico de nosso satélite.

Também foi instalado um equipamento que funciona como um espelho, que reflete raios lasers emitidos da Terra, o que pôde trazer informações sobre oscilações no eixo da Terra, possibilidade de variações na constante gravitacional G, além de medir a distância entre a Terra e Lua com precisão astronômica (fato esse que proporcionou a descoberta do afastamento de cerca de 3,78cm anuais da Lua).

Retrorrefletor deixado na Lua na missão Apollo 11, em julho de 1969.
Esquema do retrorrefletor utilizado na missão.


Este espelho é na verdade chamado de Retrorrefletor. É chamado assim pois sua superfície reflete a luz com mínimo de dispersão, na mesma direção, porém, sentido oposto à fonte de luz incidente.

O retrorrefletor usado na missão Apollo 11 (e posteriormente utilizado em outras missões) era composto por uma estrutura quadrada de alumínio, onde são apoiados 100 pequenos espelhos circulares, em formato de prisma fabricados de sílica (principal composto da areia, principal matéria prima para a fabricação do vidro).

Prisma similar ao utilizado na fabricação do refletor.


Tal prisma funciona como um olho de gato, desses que são usados em placas de sinalização, em uniforme de lixeiros, nos sinalizadores de bicicletas e em algumas peças de roupa. Ele reflete a luz incidida sobre ele num plano paralelo à fonte de luz.

Esquema mostrando a trajetória de raios luminosos incididos nos prismas. Qualquer que seja o ângulo de incidência, o reflexo será sempre paralelo à fonte de luz, fazendo com que seja possível 
Com este aparato colocado na Lua, raios lasers são emitidos da Terra para o espelho, e um detector de fótons fica monitorando a área em que o laser deve refletir. Sabendo a velocidade da luz no vácuo (c) e o tempo demorado para a luz ir e voltar, fica fácil determinar a distância da Lua.

A imagem abaixo mostra o resultado da experimentação desse espelho. Foram disparados vários lasers nos locais onde foram feitos os pousos da Apollo, e as linhas escuras do gráfico indicam a presença de fótons.

Gráfico mostrando a incidência de fótons refletidos de algum lugar no local onde os pousos da Apollo foram realizados.

Dois lasers disparados contra a Lua no observatório geofísico e astronômico da NASA, em Maryland, Estados Unidos.


E agora, terraplanistas, qual a desculpa para justificar a presença de espelhos prismáticos na Lua, ou então a presença de um espelho plano que se alinha perfeitamente a qualquer parte do mundo, 24h por dia? Os comentários são abertos a qualquer um.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Resposta à página da Terra Plana - #7


A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" fez um post dizendo que, segundo a relatividade, não há "cima" e "baixo", mas no globo terrestre há o hemisfério norte e sul, e isso é uma prova irresistível de que a Terra não é um globo.

Sério, quando li isso pela primeira vez eu cliquei no perfil da página pra ver se não era alguma página falsa, de sátira... Palavras não expressam o quão ridículo é esse post.

Bom, antes de tudo, vamos entender por que não existe "para cima" e "para baixo" no espaço.

Na imagem acima, a casa está de que lado da ponte? Direito ou esquerdo?

Sem tomar qualquer ponto como referencial, é impossível responder a essa pergunta corretamente, visto que é necessário saber a posição relativa do referencial. Se você caminha pela ponte em direção a casa, então a casa está à esquerda da ponte. Porém, se você fizer o caminho contrário, ela estará à direita da ponte.

Não é possível, no espaço, usar noções de direita, esquerda, cima e baixo, sem tomar algum ponto ou movimento como referencial.

Isso ocorre no globo. Se a Terra fosse um globo, mas estivesse apenas flutuando no espaço, não haveria qualquer motivo para determinar um hemisfério norte e um hemisfério sul, já que não haveria nada para tomar como referencial.

Acontece que a Terra não está flutuando, mas sim orbitando uma estrela, o Sol.


A Terra possui uma inclinação de 23º27' em relação ao plano da órbita ao redor do Sol. É por esse motivo que ocorrem as estações do ano.

Antigamente, sabia-se que, quando era inverno nas porções acima da linha do Equador, era verão nas porções de baixo, e vice-versa. Tornou-se então um consenso chamar a porção acima da linha do Equador de hemisfério norte, e a porção de baixo de hemisfério sul.

A linha do Equador é a linha imaginária que traça o centro do globo, perpendicular ao eixo de rotação da Terra.

São apenas nomenclaturas usadas para distinguir uma da outra em uma conversa ou texto, nada mudaria se chamássemos o hemisfério norte de hemisfério sul, e vice-versa (que aliás, tomando o campo magnético terrestre, seria a nomenclatura mais "correta").

Jorge tem 36 anos e é um advogado. Se há 36 anos atrás, o pai de Jorge colocasse o nome dele de Gustavo, ele continuaria tendo sua carreira de advogado. As coisas não mudam porque nós damos outros nomes para elas, isso não faz qualquer sentido, não tem qualquer lógica.

A "conclusão irresistível" da página é hilária. Segundo a lógica deles, se eu pegar uma bola, dividir ela ao meio e chamar uma metade de norte e outra metade de sul, e a bola irá automaticamente deixar de ser uma esfera, porque esferas não têm lados, não têm "norte" ou "sul"...

Resposta à página da Terra Plana - #6




A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" postou uma imagem em que supostamente eles refutam a gravidade newtoniana, dizendo que quando mais carregada a nuvem é, mais ela deveria sofrer atração gravitacional.

Esse post é só mais uma prova de que o administrador não concluiu o ensino básico, ou, se o fez, era muito sonolento, e dormia nas aulas de geografia, matemática e física.


A página faz uma suposição como se fosse falsa, mas na verdade ela é verdadeira! É exatamente isso que acontece, nuvens mais carregadas são mais massivas, e portanto sofrem mais atração gravitacional, aproximando-se do solo.


Voltando ao sexto ano do ensino fundamental, aprendemos que a água de lagoas, lagos e mares é evaporada e sobe, em forma de vapor d'água. O vapor também pode ser liberado pela transpiração das plantas e de animais. 


De manhã cedo, quando acordamos, muitas vezes vemos os vidros dos carros molhados, ou a grama no chão também molhada. Isso ocorre por causa da formação do orvalho perto do solo. Os objetos que estão perto do chão servem de núcleos de condensação, onde as moléculas de água evaporadas acabam se condensando, formando o orvalho. Também pode ocorrer a formação do nevoeiro ou da neblina, que são pequenas nuvens que entram em contato com o solo. São comuns em regiões de altitudes elevadas e temperaturas baixas.


Se não houverem objetos próximos, o vapor continua a subir, por conta da temperatura do ar, e se houver saturação do ar, com poeira e outras partículas, o vapor se condensa lá. Conforme aumenta a altura, a temperatura diminui, tornando mais fácil a condensação da água.


As nuvens podem ser classificadas por 3 aspectos: Forma, constituição e altura:


A forma pode variar, existem as nuvens Estratiformes, Cumuliformes, Estratocumuliformes e Cirriformes (as nuvens do tipo Cirrustratus são finas camadas de gelo, responsáveis pelo fenômeno conhecido como halo).


A altura delas varia em uma faixa de 6km de altura. Nuvens baixas alcançam a altitude de 2km, e são formadas apenas por água. Nuvens médias alcançam uma altitude de até 8km, dependendo da latitude. Nuvens acima de 8km são consideradas nuvens altas, e são formadas apenas por cristais de gelo.



A constituição delas pode ser sólida (formada por cristais de gelo), líquida (formada por gotículas de água), ou uma mistura dos dois.

As nuvens responsáveis pelas trovoadas, e pela precipitação intensa são as do tipo Cumulusnimbus, cuja base (parte mais carregada, mais pesada) fica entre 700m e 1.500m de altura.


Imagem mostrando os tipos de nuvens. Repare que, quanto mais baixa a altura das nuvens, mais concentradas e grossas elas ficam.

Então, caro administrador, antes de fazer posts desse tipo, pesquise antes, pois você pode estar dizendo que algo verdadeiro é mentira. (como faz na maioria das vezes, sem perceber)

Mais sobre formação de nuvens.
Outros links.

Resposta à página da Terra Plana - #5

R


A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" postou uma imagem de um vídeo do astronauta Chris Hadfield realizando um experimento na ISS (Estação Espacial Internacional) onde um pedaço de pano é encharcado com água e depois torcido para mostrar o efeito que a aparente ausência de gravidade pode causar.

A página afirma que a Estação Espacial tem massa de 450 toneladas (450.000Kg) e tem o comprimento de um campo de futebol americano (358m²), e que por este motivo, a água torcida deveria ser atraída para o centro de gravidade da Estação, por conta da grande massa.

Antes de tudo é necessário saber que a ISS tem aproximadamente 450.000Kg distribuídos não-linearmente sobre a área de 358m².


Mapa dos módulos da ISS.

A imagem acima mostra um mapa dos módulos da ISS. Grande parte da massa está concentrada nesses módulos, onde cada um tem em média 17.000Kg.

As gravações que são exibidas pela NASA são feitas nos módulos americanos, geralmente no laboratório do módulo Destiny (que tem massa de 14.520Kg), onde o vídeo comentado foi gravado.

Os 32 painéis solares abrangem uma área total de 12.000m², e pesam aproximadamente 1.600Kg.

Praticamente, maior parte das 450 toneladas é distribuída nos módulos habitáveis. O centro de massa deve estar entre os módulos e o conector entre os módulos e os painéis, que dista em aproximadamente 25m do módulo Destiny, onde o vídeo foi gravado. (Todas as medidas podem ser achadas e somadas aqui, basta clicar no módulo em que deseja ver as informações).

Sabendo essas informações, podemos utilizar o cálculo para saber a força gravitacional que atua sob a água no pano.

Sabemos que a força gravitacional é dada por:

F = G.m'.m''/d², onde G é a constante de gravitação universal (6,67.10-11N.m²/Kg²), m' e m'' são as respectivas massas dos corpos onde quer medir a força, e d é a distância que separa o centro de massa dos dois corpos.

Supondo que haja 150ml de água (0.15Kg) despejados naquele pano, então temos o seguinte:

F = (6,67.10-11.1,5.10-1.3.105)/25² = 4,8024.10-70.00000048024N

Usei o valor de 300 toneladas, supondo que 100 toneladas estejam distribuídas pela estação.

Supondo que a massa da estação seja de 1000 toneladas, a força gravitacional atuando sobre a água seria de 1,6.10-6N, o mesmo que 0.000000016N, que ainda é uma força ridiculamente pequena.

Para que houvesse uma atração de 1.6N (aproximadamente 160g) entre a estação espacial e a água do pano, a massa da estação deveria ser 1.000.000.000T (um bilhão de toneladas).

Resposta à página da Terra Plana - #4


A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" postou uma imagem dizendo que a trajetória de um projétil disparado verticalmente para cima de uma arma de fogo não sofreria alteração pelo "suposto giro e órbita da Terra".

Novamente, a página usa a mesma falácia usada anteriormente para alegar que a Terra não gira, e novamente, o mesmo conceito de referencial inercial refuta essa falácia com facilidade.

A própria página se contradisse nesse post. No primeiro parágrafo, a página diz o seguinte:

"(...)o objeto que está em cima de uma coisa em movimento irá participar desse movimento, mas se um objeto é jogado para cima de um corpo em repouso, e de novo a partir de um corpo em movimento, as circunstâncias que rodearam a sua descida será muito diferente."

Tirando os erros de concordância e a contradição estupenda que foi cometida, tá tudo certo!

Brincadeiras a parte, como alguém pode afirmar que, um corpo jogado de cima de outro corpo em movimento irá participar do movimento, e logo depois afirmar que, se o mesmo objeto for jogado a partir de um corpo em movimento, as circunstâncias que rodearam a sua descida serão muito diferentes?

Isso é a mesma coisa que dizer: "Se você matar uma pessoa, ela morrerá, mas se você matar uma pessoa, ela não morrerá."

Até a primeira vírgula, a afirmação feita pela página está correta, o corpo lançado para cima irá acompanhar o movimento do corpo da qual ele foi lançado. Isso pode ser facilmente provado jogando uma bola verticalmente para cima enquanto você corre em movimento retilíneo uniforme. A bola cairá em suas mãos.

Mas depois da primeira vírgula, a página se contradisse e invalidou a afirmação anterior, deixando a frase totalmente desconexa e sem sentido algum.

Uma pessoa na linha do Equador está girando a 1.675km/h sob a Terra, em relação ao centro dela. Ou seja, para um referencial parado fora da Terra, qualquer coisa lançada verticalmente (para cima ou para baixo), ou deixada cair a partir do repouso (queda livre) por essa pessoa irá acompanhar o giro da Terra, e terá velocidade de 1.675km/h, que é a velocidade da rotação da Terra no Equador.

A página também diz que se a Terra gira e orbita, o projétil cairia quilômetros atrás a arma, em virtude do movimento supersônico de rotação da Terra. Seguindo essa lógica, se eu estiver em um carro a uma velocidade constante de 100km/h e jogar uma bola verticalmente para cima, a bola deveria cair atrás de mim...

NÃO, isso NÃO ACONTECE. Não acontece pelo simples fato da velocidade de rotação da Terra ser constante. Se houvesse qualquer tipo de aceleração, a trajetória da bala em relação ao atirador seria diferente.

Corrigindo a frase da página: "Uma bala disparada verticalmente para cima não sofre alteração no curso de queda pelo giro da Terra para um observador que está sob a Terra."

(Aliás, o que a órbita terrestre mencionada na frase original tem a ver com isso?)

Vídeo demonstrativo da inércia em um avião a 700km/h. Se o avião está voando a uma velocidade de 700km/h (pouco mais da metade da velocidade de rotação da Terra), por que o pêndulo permanece imóvel? Segundo a lógica da página, ele não deveria se afastar do avião?!



Resposta à página da Terra Plana - #3



A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" postou uma imagem dizendo que um projétil disparado de uma arma de fogo chegaria em seu alvo ao mesmo tempo se fosse disparada apontada para o leste ou para o oeste, alegando que, se a Terra se movesse, haveria diferença nos tempos de chegada da bala em seu destino.

De fato, para nós, a bala chega no alvo ao mesmo tempo, em ambas as situações, já que todos nós estamos dentro do mesmo referencial inercial.

Tudo que está dentro da atmosfera terrestre, o mar, as pessoas, as montanhas, prédios, pássaros, o ar e os projéteis disparados, estão todos se movendo junto com sua rotação. Na linha do Equador, essa rotação atinge uma velocidade linear de 1.675km/h, relativos ao centro da Terra. Ou seja, tudo que está na linha do Equador está girando a essa velocidade.

Se um projetil é disparado na linha do Equador, apontando para o leste (sentido de rotação da Terra) e a bala atingir uma velocidade de 400m/s (1.440km/h), para uma pessoa que estivesse parada fora da Terra, a bala estaria se movendo a 1.675km/h (velocidade de rotação da Terra) + 1.440km/h (velocidade da bala), ou seja, 3.115km/h para o leste. Porém, para o atirador, a bala estará se movendo para o leste com a velocidade de 1.440km/h, pois o atirador está sempre na velocidade de rotação da Terra, e o projétil foi lançado a partir dessa velocidade, então ela é desconsiderada, pois ambos estão no mesmo referencial inercial.

Se o projétil for disparado para o oeste (sentido contrário à rotação da Terra), para alguém parado fora da Terra, a bala estaria se movendo a 1675km/h (velocidade de rotação da Terra) - 1.440km/h (velocidade da bala), ou seja, 235km/h, também para o leste, pois a velocidade da bala é menor que a de rotação da Terra.

Ou seja, quando algum projétil é atirado para o oeste com velocidade menor que a de rotação da Terra, ela está na verdade indo para o leste, porém, mais lento que a rotação da Terra.

Se estivermos dentro de um carro que está a 100km/h em uma linha reta, e jogarmos uma bola a 10km/h na mesma direção e mesmo sentido do movimento do carro, ou seja, para frente, para nós, que estamos dentro do carro, a bola terá velocidade de 10km/h. Porém, para um observador que está parado na rua, fora do carro, a bola terá velocidade de 100km/h (velocidade do carro) + 10km/h (velocidade da bola), ou seja, 110km/h para frente.

Se jogarmos a bola na mesma direção do movimento do carro, porém, sentido contrário, ou seja, para trás, para nós, que estamos dentro do carro, a bola terá velocidade de 10km/h. Porém, para um observador que está parado na rua, fora do carro, a bola terá velocidade de 100km/h (velocidade do carro) - 10km/h (velocidade da bola), ou seja, 90km/h para frente.

Caso a bola seja jogada para trás, com 100km/h, para nós, que estamos dentro do carro, a bola terá velocidade de 100km/h, enquanto que para o observador que está parado na rua, a bola não terá velocidade, irá cair em queda livre. Isso já foi provado, como pode ser visto no vídeo abaixo.

Em 0:20 é possível ver a bola se afastando a 100mph (160km/h), pois a câmera está localizada dentro do carro, se movendo junto com ele. Em 0:25 é possível ver a bola em queda livre, pois sua velocidade é 160km/h (velocidade do carro) - 160km/h (velocidade da bola) = 0km/h.


Resumo: Sim, para nós, que estamos girando junto com a Terra, a bala chegaria no alvo ao mesmo tempo, independente do sentido. Porém, para alguém parado fora da Terra, a bala chegaria no alvo com velocidades diferentes. Isso é provado por um conceito básico de referencial inercial, que aprendemos no 9º ano do ensino fundamental.

Segue abaixo outro vídeo recomendado, onde a mesma lógica é utilizada para explicar porque aviões voam à mesma velocidade se forem para o leste ou para o oeste, na mesma direção.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Resposta à página da Terra Plana - #2


A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" postou uma imagem questionando o formato da Galáxia do Sombrero. Para eles, as galáxias deveriam ter um formato esférico, já que os planetas e estrelas também adquirem esse formato.

Antes de tudo, é válido informar que não existe apenas um tipo de formato de galáxias. Aliás, as galáxias são classificadas justamente pelo seu formato, como é possível ver abaixo:


Como pode ser visto, galáxias classificadas como E0 até E7 são as que tem o formato mais arredondada, sendo E0 o tipo mais esférico e E7 o tipo mais elíptico.

Galáxias classificadas com S (spirals) são espiraladas, ou seja, apresentam braços espirais formados por estrelas e poeira. Estas podem ser divididas em espirais barradas (caso apresentem uma barra que passa pelo núcleo) ou não-barradas (caso sejam não apresentem esta barra).

As galáxias nascem nas regiões com maior concentração de matéria escura. Se há assimetria na distribuição das condensações em uma região do espaço, a força de maré produzida pela assimetria gera momento angular, e um achatamento na nuvem de matéria é gerado, formando a galáxia espiral. Se a distribuição é simétrica, não haverá momento angular, e uma galáxia elíptica se forma.

Força de maré é uma força que ocorre em corpos massivos, onde a aceleração da gravidade não é a mesma em todos os pontos do corpo, devido a distribuição de massa. É a mesma força que afasta a Lua da Terra a cada ano.

Momento angular é a grandeza física que relaciona distribuição de massa e velocidade de rotação de um corpo.

O conceito de momento angular é o mesmo utilizado por bailarinas para controlar a velocidade de rotação sobre seu próprio corpo nas performances. Quanto mais aberto seus braços estiverem, maior vai ser a distribuição de massa no espaço, e menor vai ser a velocidade, e quanto mais próximos do corpo os braços estiverem, menor vai ser a distribuição de massa no espaço, e maior vai ser a velocidade. Veja um vídeo explicativo desse conceito aqui.


Os terraplanistas devem argumentar agora "blablabla, então por que isso não acontece com a Terra ou com estrelas?"

Simples: A massa da Terra, de estrelas, e até de buracos negros e pulsares está toda concentrada em um único ponto, que é o próprio corpo celeste, enquanto que a massa total das galáxias está distribuída em centenas de anos luz. A densidade de estrelas e planetas é grande o suficiente para não deixar a rotação alterar o tamanho.

(Aliás, o efeito ocorre sim nestes corpos, mas é tão fraco que é considerado desprezível. No caso da Terra, esse efeito causa o ligeiro achatamento nos polos, os dois pontos por onde passa o eixo de rotação da Terra)

Pêndulo de Foucault

O Físico francês Jean Foucault realizou, há mais de 150 anos atrás, um belíssimo experimento que mostra como a rotação da Terra sob seu próprio eixo pode alterar o percurso de um pêndulo simples.

O experimento consiste em um pêndulo composto por um corpo de massa 30kg, e um fio de 70m de diâmetro, preso ao topo interior do Panthéon de Paris, com sua base livre para girar, já que nela foi disposto um mecanismo para diminuir o atrito, ou seja, o pêndulo tem liberdade de oscilação. 
Sob o pêndulo foi colocada uma base circular com 6 (seis) metros de diâmetro, dividida em graus, onde cada grau também foi dividido em quatro partes.

Como já era sabido na época, o período de oscilação de um pêndulo simples é dado por:


T = 2π√l/g

onde:

T = período de oscilação do pêndulo;
l = comprimento do fio do pêndulo;
g = aceleração da gravidade.

Ou seja, o período de oscilação do pêndulo não depende da massa do corpo. Depende única e exclusivamente do comprimento do fio e da aceleração da gravidade.

Alterando os valores nós temos que o período de oscilação do pêndulo de Foucault é dado por: 

T = 2π√70/10 =  2π√7 .:. T ≈ 8,31s

Ou seja, o pêndulo deveria demorar 8,31s para sair do ponto A, ir ao ponto B e voltar novamente ao ponto A, fazendo sempre essa trajetória, como em qualquer outro pêndulo. 
O esperado era que o movimento fosse linear, retilíneo, sob o plano horizontal. Contudo, o resultado do experimento não foi esse. Depois de certo tempo de movimento, foi-se percebido que a trajetória do pêndulo ia se alterando conforme o tempo, exatamente 11º15' a cada uma hora, no sentido horário.

Com uma regra de 3 simples, podemos concluir que o pêndulo realiza uma rotação completa a cada 32h, naquele lugar, aproximadamente.

1h --- 11º,15'
x ----- 360º

32h

O período T para o pêndulo realizar uma volta completa em torno de seu eixo de rotação é dado pela razão entre o comprimento da circunferência descrita pelo pêndulo no plano igual a 2π e a variação da velocidade:
Δv = w.r.sen(θ)
T(θ) = 2πr/w.r.sen(θ) = 24h/sen(θ)

Ou seja, para descobrir o período de rotação completo desse pêndulo, basta dividir 24h (período de rotação da Terra) pelo seno da latitude do local onde o pêndulo está localizado.

Substituindo os valores, e sabendo que o Panthéon em Paris está na latitude de 48,84º, temos que:

T = 24/sen(48,84º)
T = 24/0,7528
≈ 31,87h = 32h

O tempo que foi calculado anteriormente na regra de 3, provando que o período de rotação total do pêndulo depende da latitude na qual ele está localizado.

Caso o pêndulo estivesse localizado no Polo Norte, o período de rotação seria de 24h, já que sen(90) = 1, e a rotação se daria no sentido horário, por estar no hemisfério norte. Se estivesse localizado no Polo Sul, o período também seria de 24h, porém, a rotação se daria no sentido anti horário, por estar localizado no hemisfério Sul.

Caso estivesse no Equador, o tempo de rotação seria infinito, ou seja, não haveria rotação, o pêndulo faria apenas o movimento que nós conhecemos, pois sen(0) = 0.

Alguns vídeos do experimento do Pêndulo de Foucault:

Pêndulo original:

Explicação do fenômeno

O pêndulo em time-lapse:



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Refutando a Terra Plana - #2




A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" compartilhou uma publicação de um usuário com algumas fotos de um fenômeno onde o Sol parece estar causando um reflexo no que é chamado pelos terraplanistas de "domo", um firmamento em formato de cúpula que está sobre a Terra. A publicação também contém um vídeo do Youtube em sua descrição. Este vídeo fala exatamente sobre o suposto reflexo no "domo".

O fenômeno se chama "halo solar", e também pode acontecer com a Lua - onde é chamado de "halo lunar". O halo é um fenômeno óptico que ocorre quando os raios de luz provindos do Sol ou da Lua refletem e refratam em minúsculos cristais de gelo presentes na troposfera superior, formando o reflexo que podemos ver nas imagens acima.

Os halos podem ser completos, onde é possível ver toda a circunferência do reflexo (quando o Sol ou a Lua estão altos no horizonte), ou incompletos, onde só é possível ver parte da circunferência (quando o Sol ou a Lua estão próximos do horizonte).

Existem casos mais raros onde o halo não é perfeitamente circular, e há outros halos descentralizados com o Sol/Lua.

Se você pesquisar por halo solar e halo lunar no Google imagens, poderá ver que na maioria das imagens, há uma certa nebulosidade na atmosfera, com presença de nuvens e/ou neblina.

Por conta da reflexão, alguns halos também podem apresentar uma divisão de cores, como num arco-íris.

Repare que na imagem da direita, parte do halo está refletindo na parte da atmosfera que está na frente da cidade, no horizonte, o que seria impossível se o reflexo fosse em algum domo por trás do Sol, em cima da Terra.

Esse raro tipo de halo solar mostra que a atmosfera pode gerar formatos diferentes para o reflexo, dependendo do formato dos cristais de gelo, composição, quantidade, densidade, etc... Estes reflexos seriam impossíveis em um domo que tem o formato de uma semi-esfera.


O vídeo que acompanha a postagem também mostra algumas fotos, onde o narrador diz serem registros do reflexo do sol no firmamento, mas no mesmo vídeo é possível ver uma imagem onde o reflexo acontece também em uma parte na frente de uma montanha, o que não deveria acontecer se o reflexo fosse feito por trás do Sol. 

Captura de tela do vídeo mostrando o reflexo do sol nos cristais de gelo que estão na frente da montanha.

Esta sequência de imagens deixa claro que o fenômeno do halo solar é algo que ocorre dentro da atmosfera terrestre, pode não ter sempre formatos circulares (apresentar formatos elípticos) e pode apresentar as cores do arco-íris, comprovando que o fenômeno é proveniente da dispersão de raios luminosos.

Algo interessante que também pode ser percebido nas fotos que foram compartilhadas pela página são as duas primeiras fotos:



Nelas é possível ver completamente o reflexo no suposto "firmamento", ou seja, dá pra ver as duas extremidades do domo, onde ele começa e onde termina. Segundo a própria página, o suposto firmamento deveria cupular toda a superfície da Terra, iniciando de um lado e terminando do outro lado, diametralmente oposto, como é ilustrado na imagem postada por eles no início da página:



Agora, seguindo a lógica da imagem acima e das duas primeiras fotos que eles compartilharam, podemos chegar a conclusão que: se o reflexo visto fosse feito pelo suposto firmamento, o arco formado seria extremamente maior, seguindo sobre toda a superfície do domo, de um lado até o outro, e não é isso que acontece. 
Logo, segundo as duas fotos, o diâmetro da terra-plana é extremamente pequeno, e pode ser observado no campo de visão humano, que é de aproximadamente 52,44km - como já foi demonstrado aqui - , tornando o argumento ridículo, já que 52,44km é a distância entre Copacabana e Petrópolis, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Resposta à página da Terra Plana - #1




A página Terra Plana - "Astronomia Zetética" do Facebook publicou um vídeo, alegando ser impossível ter o Sol e a Lua acima do horizonte ao mesmo tempo, e haver sombra na Lua, já que a Terra não está no meio para causar a sombra.

Eles dizem que os "globalistas" dizem que a sombra da lua na verdade é a sombra da Terra. NÃO, isso NUNCA foi dito por alguém sério. A sombra da Terra é projetada na lua apenas em eclipses lunares. Em qualquer outra ocasião, a sombra que vemos na Lua é dela mesma!

Acho interessante uma página que tem como argumentos para várias perguntas a "perspectiva" não entender o básico de luz/sombra para pensar racionalmente sobre isso.

Segue abaixo um esquema que fiz para que possam compreender o que acontece:

Ilustração fora de escala

A Lua faz sombra em si própria! Quer ver uma coisa legal? Pegue uma bola de basquete e aponte-a para o Sol. Veja-a de lado. Verás que metade da bola ficará iluminada, e a outra metade não! Isso não quer dizer que existe alguma coisa entre você e a bola para causar a sombra que é vista.

Ficou fácil de entender agora, terraplanistas?! Lembrem-se, o espaço é tridimensional, e não bidimensional. Portanto, não é tão simples reproduzir acontecimento espaciais em uma ilustração bidimensional.

domingo, 25 de outubro de 2015

Por que não é possível notar a curvatura da terra

Adeptos da terra plana gostam de afirmar que a "maior prova da Terra ser plana" é o fato de não conseguirmos perceber qualquer curvatura ao observar o horizonte na praia.

Isso se deve ao fato do raio da Terra ser tão grande que um pequeno segmento da circunferência terrestre seja praticamente - aos olhos humanos - uma linha reta. A imagem abaixo retrata isso. O círculo menor tem o raio medindo x, e o círculo maior tem o raio medindo 5000 vezes o raio do círculo menor, ou seja, 5000x.

Perceba que a extensão curvatura do segundo círculo em relação à reta tangente é bem próxima nesse segmento, e no primeiro círculo, não. Se o raio do segundo círculo fosse 10.000x, e se fosse removida a reta tangente à ele, seria impossível perceber a curvatura. No entanto, a figura continuaria sendo um círculo (ou parte dele).


É exatamente isso que acontece na terra. Seu raio é tão imenso que a curvatura é imperceptível aos olhos humanos na distância em que estamos dela. Aliás, se a curvatura terrestre fosse perceptível aos olhos humanos a essa distância, o raio da terra seria extremamente pequeno, o que não faria sentido.

Podemos fazer alguns cálculos para determinarmos o tamanho do planeta caso fosse possível observar alguma curvatura a nível do mar. Siga o raciocínio abaixo, e preste atenção!

Sabendo que o campo de visão médio aproximado de um ser humano mede 160º, e que um homem de 1,70m tem um alcance de visão de aproximadamente 4,6km para o horizonte, como já foi provado aqui, podemos usar um simples conceito trigonométrico para descobrirmos qual o comprimento máximo do horizonte que conseguimos ver ao olhar fixo para ele.



É possível dividir o campo de visão humano em dois triângulos retângulos, e como conhecemos o ângulo do triângulo maior e o tamanho da reta que corta esse triângulo (a distância até o horizonte), podemos descobrir o "tamanho" do horizonte para o olho humano, o X.

Como podemos ver, o triângulo do campo de visão foi dividido em dois triângulos iguais, ou seja, o ângulo formado foi dividido em dois, tornando-se 80º.

Aplicando trigonometria plana, é possível determinar o valor do cateto oposto de um dos triângulos, e, como o horizonte foi "quebrado" em dois, o "tamanho do horizonte" é o dobro do cateto oposto.

Ou seja, quando uma pessoa de 1,70m está em pé na praia olhando para o horizonte com os olhos fixos, ela abrange uma linha reta de 52,44km.

Agora vamos imaginar que fosse possível perceber uma leve curvatura. Como é óbvio, a linha seria maior que os 52.44km calculados. Vamos supor que seja 56km.



Já que sabemos o ângulo da visão humana e o "comprimento do horizonte" desse ângulo, então podemos fazer uma regra de 3 simples para descobrirmos quanto o planeta teria de circunferência (qual o "comprimento do horizonte" em 360º).

Se em 160º é possível ver 56km, quanto seria possível em 360º (uma volta completa (a circunferência do globo))?

160º ---- 56km
360º ----  Ckm

160.C = 360.56
160.C = 20160
C = 20160/160
C = 126km

C = 2πR
126 6,28.R
126/6,28
20,06km

Se essa curva fosse observável, o planeta teria um comprimento de 126km, e um raio de apenas 20,06km!

Ou seja, é humanamente impossível perceber a curvatura da Terra, que possui mais de 40.000 km de circunferência, a nível do mar.

Explicado?

Refutando a Terra Plana - #1




A página do Facebook "Terra Plana - Astronomia Zetética" fez uma publicação nesta madrugada afirmando que a foto de uma tempestade caindo sobre a terra seria impossível em um globo pelo fato de ele girar a 1600km/h.

Me parece que os autores desta página não têm quaisquer noções sobre o mais básico da física - leis de Newton - e acham que as coisas devem acontecer de uma maneira errônea.

Nono ano do ensino fundamental, primeiro bimestre: Leis de Newton: Inércia - "Considere um corpo no qual não atue nenhuma força resultante. Se o corpo estiver em repouso, ele permanecerá em repouso; se o corpo estiver em movimento com velocidade constante, ele continuará neste estado do movimento."

Simples de entender, não? A chuva cai em linha reta exatamente por estar girando junto com o globo, e junto com tudo que está dentro do globo, inclusive a atmosfera. Então, respondendo sua pergunta, seria lógico sim pensar que isso ocorre.

Como eu sei que lógica não é a praia de vocês, já que são empiristas, é simples verificar o acontecimento desse fenômeno com um experimento fácil:

Você só vai precisar de quatro coisas: um copo vazio, um copo com água, um carro e uma rua longa.
Entre no carro com os dois copos em mãos (um vazio e um com água) e peça para o motorista acelerar até o máximo que conseguir, e ao atingir a velocidade máxima, mantê-la por algum tempo (para que o carro fique em M.R.U, ou seja, em inércia).

Quando estiver na velocidade máxima em M.R.U, pegue o copo com água e vire-o sobre o copo vazio. Você verá que a água cairá verticalmente sobre o copo sem água, porque tudo que está dentro do carro está na mesma velocidade.

"Mimimi mas o carro não está a 1600km/h". Ótimo, tente refazer o experimento em um avião super-sônico e verás que o resultado é absolutamente o mesmo.

Quer ver outra coisa legal? Abra a janela, coloque os dois copos para fora e tente refazer o experimento. Você verá que a água não cairá sobre o copo vazio, pois a resistência do ar fará a água desacelerar. Isso ocorre pois, para você que está dentro do carro, a atmosfera está parada, e você que está se movendo. Por isso você consegue sentir aquele vento quando está dentro de um carro veloz, mesmo que não esteja ventando no local.

Explicado? :)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Cálculo do raio da terra

Há aproximadamente 2.255 anos atrás, Erastótenes, matemático e geógrafo, calculou o raio da terra usando apenas matemática e raciocínio lógico.

Erastótenes tinha acesso ao museu de Alexandria, que tinha uma biblioteca com catálogos que continham datas de acontecimentos astronômicos importantes, como eclipses, aproximações, etc. Com isso, ele obteve a informação de que, em um certo dia do ano, ao meio dia, o sol refletiria nas águas de um poço bem profundo, localizado na cidade de Syene, uma cidade que fica a 800Km de Alexandria.

Para que a luz do sol pudesse se refletir nas águas de um poço muito fundo, este deveria estar bem alinhado com o Sol, isto é, o Sol, o poço e o raio da Terra deveriam estar todos sobre uma mesma reta imaginária, ou em outras palavras, o Sol deveria estar no zênite, exatamente sobre a cabeça do observador, como mostra a ilustração abaixo:





Nesse mesmo dia, Erastótenes observou em Alexandria que a sombra de uma coluna, ao meio-dia, revelava que o Sol distava do zênite 7 1/2 0 (medida feita com o auxílio do astrolábio).

Sabendo que os raios de luz provindos de grandes distâncias comportam-se como se fossem paralelos, Erastótenes concluiu que os raios de luz que ligam as extremidades de um arco de 800 Km ao centro da Terra, formam um ângulo de 7,5º (800 Km é a distância entre as duas cidades, que já era conhecida pelos funcionários do museu).

Imagem: UFRGS


Sabemos então que em uma distância de 800Km, a terra se curva, formando um ângulo de 7,5º.
Com estes dados em mão, basta apenas aplicar uma regra de 3 simples para descobrir o comprimento da circunferência da Terra! Se em 800Km a terra se curva em 7.5º, em quantos Km a terra se curvará em 360º (volta completa)?

7,5º ----- 800Km
360º ------ CKm

C = (360*800)/7.5
C = 288.000/7.5
C = 38.400Km

Ou seja, Erastótenes calculou a medida do comprimento da circunferência terrestre como sendo 38.400Km!

Nessa época já eram sabidas das relações nos círculos, e Arquimedes já havia determinado o valor de π como sendo 22/7, então para encontrar o raio da terra, bastava aplicar a fórmula C = 2πR, onde C é o comprimento da circunferência e R é o raio.

C = 2πR
38.400 = 2(22/7)R
R = 38.400/(44/7)
≈ 6.109Km

Hoje em dia, sabe-se que o raio da terra mede 6.371Km, então o cálculo feito teve uma margem de erro de 4%.

O vídeo abaixo mostra o experimento na prática:



Fonte de consulta: UFRGS

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Os navios somem no horizonte

Sim, eles somem.

Muitos adeptos da teoria da terra plana dizem que os navios não somem no horizonte, mas ficam cada vez menores, a ponto de ser impossível distingui-los do horizonte à olho nu. Tal afirmação pode ser facilmente desmentida apenas observando os navios que se afastam para o horizonte.

Desenhei o esquema abaixo para facilitar a visualização dos cálculos feitos para determinar a distância entre os olhos do observador e o horizonte visível:





Onde:

R = raio da terra ≈ 6.370Km (6370000m)
H = altura do observador = 1,70m

Formando-se o triângulo retângulo QPO, onde a hipotenusa é o raio da terra mais a altura do observador e um dos catetos é o raio, é possível calcular o outro cateto, que é a distância entre o observador e o horizonte, uma reta tangente à terra.

Sendo assim, um observador de 1,70m tem um campo de visão do horizonte de, aproximadamente, 4,65km. Objetos situados mais longes que esta distância não poderão ser vistos completamente, já que a curvatura da terra o esconderia, começando de baixo para cima. Por esse motivo é possível ver os navios "descendo" no horizonte.

O vídeo abaixo retrata perfeitamente o que foi descrito:


Mas não acredite no que foi provado aqui, prove você mesmo, compre ou peça um telescópio emprestado para alguém e leve-o para algum lugar onde você possa ver o mar. 

Faça os cálculos tomando como base a altura do telescópio (leve em consideração a altura de prédios, morros, montanhas, etc.) para saber a distância máxima que poderá ser observada e veja com seus próprios olhos os navios desaparecendo atrás da curvatura terrestre.